Mensagens carinhosas, áudios com declarações de amor, buquês de flores, presentes sem motivo especial. Demonstrar que se ama alguém não é um problema, mas quando a frequência desse comportamento flerta com o exagero merece atenção. Um olhar mais apurado fora da superfície pode observar nessas atitudes a mais pura expressão do chamado love bombing ou bombardeio de amor, que é uma tentativa de influenciar uma pessoa por meio de demonstrações de atenção e afeto. Pode ser usado de diferentes maneiras e para fins positivos ou negativos. Psicólogos identificaram o love bombing como uma possível parte de um ciclo de abuso e um comportamento egocêntrico que pode se encaixar no transtorno de personalidade narcisista.
Quem recebe essa “bomba” de amor se sente especial, amado, valioso e digno, componentes que contribuem para aumentar a autoestima de uma pessoa. Isso ocorre pois essas ações ativam a dopamina e endorfinas (hormônios do prazer e bem-estar). Porém, apesar de você se sentir num pedestal, as intenções de uma pessoa que pratica o love bombing são contrárias. O intuito é fazer com que o parceiro seja totalmente dependente, colocando-se em uma posição em que possa ser controlado. Assim, quanto mais a vítima de love bombing se sente “feliz” o indivíduo reforça essas atitudes. Pois trata-se de algo que ele necessita constantemente, para que suas fraquezas não sejam expostas.
Mais do que para agradar o outro, a "overdose" de afeto pode ter como objetivo chamar a atenção para si mesmo. "Essas pessoas sentem uma intensa necessidade de serem notadas como superiores e têm sentimentos e pensamentos de grandiosidade", comenta Adriane Branco, psicóloga especialista em TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental).
Em princípio, quem apresenta o perfil love bombing encanta o parceiro de uma maneia muito especial: "A pessoa se sente amada e desejada como nunca foi antes, porque os narcisistas podem proporcionar experiências afetivas, sexuais e de cuidados inéditas", afirma Elaine Di Sarno, psicóloga especializada em avaliação psicológica e neuropsicológica e em TCC, ambas pelo IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Nem todo comportamento "love bombing" camufla um transtorno narcisista, mas em geral encobre uma personalidade frágil de alguém que, para garantir sua zona de conforto que promove a sensação de grandiosidade, tende a buscar parceiros com baixa autoestima.
O perigo está nas cobranças que surgem após um tempo, nas frustrações que podem vir no pacote e ainda, na cegueira que continua quando o outro se torna alguém inventado pelo par e a todo custo precisa se encaixar no modelo.
É muito doido ler tudo isso, porque eu percebo real que vivi o love bombing. Meu namoro começou sendo um "amor a primeira vista" vindo da outra pessoa, claro, sempre muito intenso, enquanto eu estava querendo ir com calma. Eu sempre fui uma pessoa com uma autoestima não tão boa, a outra pessoa também, porém se mostrava sempre muito superior. Mas como nunca ninguém havia me tratado tão bem naquela maneira, eu acreditei! Me sentia especial e única, mas não era sincero. Minhas amigas me disseram que em muitos momentos eu fui "cega" e não percebia muita coisa que quem estava de fora via. Ao final do relacionamento ele já tinha me sugado tudo o que queria, e eu já não me encaixava mais no que ele precisava. Eu não conseguia mais me encaixar no modelo de pessoa que ele desejava.
É possível prever o bombardeio de amor de alguém?
Não, mas é possível reconhecê-lo aos poucos, quando as atitudes se tornam exacerbadas. "Se quem é o 'alvo' perceber que há exagero nas demonstrações de afeto e isso incomoda, deve pontuar de maneira assertiva, deixando claro que determinadas ações não são necessárias."
Eu sempre falava que não gostava de receber presentes por nada, isso me incomodava muito. Mas isso inclusive, foi jogado contra mim quando o relacionamento acabou. Como se eu fosse a culpada por não gostar de ganhar presentes sem necessidade ou optar por não comemorar meu aniversário, por exemplo. Eu odiava ser colocada em um pedestal, óbvio que no começo eu não percebi isso. Mas com o passar dos meses isso se tornou sufocante.
Outra coisa me fez total sentido e só depois de meses eu percebi, é que a pessoa manipuladora e narcisista faz a vítima se sentir culpada, esse é sempre o objetivo. Era assim que eu me senti várias e várias vezes.
Um indivíduo com transtorno narcisista estará sempre em busca de alguém que supra suas necessidades, ou seja, de um par que o admire e o venere por suas "qualidades" apresentadas. Cada vez que perceber que não é o centro das atenções da outra pessoa, poderá encontrar maneiras de desqualificá-la, abrindo a brecha para uma relação abusiva.
"Se relacionar com um love bombing é certamente nocivo à autoestima e ao bem-estar emocional, e pode levar ao agravamento da autoconfiança, como também afetar perspectivas futuras e provocar isolamento social, auto depreciação, sensação de incapacidade de romper o relacionamento e até mesmo danos à saúde mental, com a evolução de quadros ansiosos e depressivos", avisa Di Sarno.
Eu sempre o elogiava, falava que o admirava, e era verdade, mas ao mesmo tempo também era o que ele queria; pois eu o venerava pelas qualidades que ele demonstrava ter.
Sem dúvidas eu me sentia muito inferior à ele, passei a me sentir burra de um jeito muito ruim. Desenvolvi ansiedade e depressão por conta de tudo o que aconteceu.
Por isso eu digo que é algo muito sério e que quem está dentro não percebe isso. Fiquem atentas a declarações exageradas ou cedo demais. E compartilhem essas informações.
Em breve vou trazer mais sobre o assunto.
Fiquem bem! 💖